BLOQUEIOS E INJEÇÕES NA COLUNA VERTEBRAL

E aquele paciente que tem problema na coluna e tem dor de forte intensidade, havendo compatibilidade entre o padrão da dor e o exame de imagem, e não melhora com fisioterapia ou exercício físico?

Tem que operar?

A resposta é… depende. Mas nos dias de hoje, a necessidade de cirurgia é cada vez menos frequente!

E uma das principais estratégias para evitar a cirurgia é sem sombra de dúvida a realização de bloqueios e injeções diretamente na coluna vertebral.

Trata-se de um conjunto de procedimentos percutâneos, ou seja, sem necessidade de corte na pele, em que agulhas são inseridas no interior da coluna vertebral, com toda segurança pois o procedimento é monitorado com visualização das agulhas e dos elementos da coluna vertebral por um aparelho chamado RADIOSCOPIA. Confirmada a localização correta e segura das agulhas, é injetado uma mistura de medicações, basicamente cortocóides de depósito e anestésicos, no interior da coluna, o que potencializa muito o efeito da medicação. Além disso, essas medicações não são injetadas na corrente sanguínea e não tem efeito sistêmico (não atuam sobre outros órgãos), o que minimiza muito seus efeitos adversos.

A RADIOSCOPIA é uma tecnologia similar ao Raio-X, mas que permite a visualização das estruturas internas do corpo em tempo real, inclusive de maneira contínua (como um filme), se necessário. As imagens são transmitidas em uma tela acoplada ao aparelho e assim, pode-se ter controle total de onde as agulhas estão sendo inseridas no procedimento de bloqueio, evitando acidentes.

Finalmente, para maior conforto durante a realização desses procedimentos percutâneos, eles são realizados em conjunto com um médico anestesista que promove uma sedação (diferente de anestesia geral, ou seja, nesse caso não precisa de intubação orotraqueal) de modo que ao terminar todo o processo a pessoa não se lembra do que foi feito. Somente para explicar melhor, essa sedação é similar a que se realiza para uma endoscopia digestiva.

Sendo assim, pela disponibilidade do aparelho de radioscopia e para permitir a realização da sedação para um maior conforto, esses procedimentos são realizados no hospital, porém no que se chama em regime “HOSPITAL DIA”: deve-se chegar em jejum ao hospital cerca de duas horas antes do horário agendado para o procedimento, para todos os preparos de burocracia e da enfermagem, sendo então encaminhado para o centro cirúrgico onde se realiza a sedação pelo anestesista e o procedimento em si, que dura entre 20-40 minutos, e depois quando se está totalmente acordado será encaminhado para o quarto, onde se alimenta e em torno de duas horas depois do término do procedimento está liberado para ir para casa. O tempo total de permanência no hospital costuma ser inferior a 6 horas.

Existem diferentes tipos de bloqueios e injeções, com diferentes finalidades, dependendo do tipo de problema (artrose, hérnia de disco, protrusão discal, estenose do canal, etc.) que a pessoa tem na coluna e do tipo da dor (dor lombar, dor irradiada, etc.).

De uma forma geral, o principal objetivo é o controle da dor, permitindo sobretudo que o tratamento de reabilitação (fisioterapia e fortalecimento muscular) seja melhor tolerado, sendo assim mais eficaz. O mais importante é procurar um profissional que tenha amplo conhecimento sobre as doenças na coluna vertebral e domine as diferentes técnicas de bloqueio, para decidir a melhor indicação e poder passar segurança em sua realização.

Segue uma declaração do Dr Pratali sobre a realização desses procedimentos:

“Em 2013 eu fui fazer um estágio de cirurgia de deformidades na coluna vertebral na New York University com o Dr Frank Schwab. Lembro-me que na época queria aprender diferentes técnicas mais avançadas para as cirurgias mais complexas que poderia me deparar, algo que sem dúvida foi uma experiência única para minha prática. Curiosamente, durante meu estágio, o Dr Schwab foi participar em um curso em Cingapura e se ausentou por alguns dias do hospital e, para eu não ficar ocioso, sugeriu-me que eu acompanhasse o médico que realizava os procedimentos de bloqueios na coluna vertebral para dor no hospital. Passei alguns dias com o Dr Gerard Varlotta, chefe do setor de reabilitação da NYU na época, que realizou mais de 20 procedimentos de bloqueios e injeções na coluna nesses dias, além de acompanhar os retornos de outros pacientes que tinham realizado os procedimentos algumas semanas atrás. Fiquei impressionado tanto com o incrível resultado no controle da dor desses pacientes, quanto na baixa complexidade do procedimento, praticamente sem nenhum risco. Desde quando voltei para São Paulo, tenho cada vez mais realizado esses procedimentos e cada vez estamos mais satisfeitos com os resultados. O que vimos é uma vertiginosa redução no número de cirurgias, uma vez que com o bom controle da dor, o paciente consegue retomar sua qualidade de vida, o que mitiga a necessidade da cirurgia. É isso aí. Um abraço e se cuidem!”