Apesar de ser muito comum se ouvir que a Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) é a deformidade mais comum que afeta a coluna vertebral, essa informação não é totalmente verdadeira. A EIA com certeza é a deformidade da coluna vertebral mais prevalente na população pediátrica, acometende cerca de 3% a 4% da população nessa faixa etária. No entanto, o tipo de deformidade que mais frequentemente acomete a coluna vertebral considerando toda a população é a DEFORMIDADE DO ADULTO!
Diversos estudos demonstraram alta prevalência da deformidade na coluna acometendo indivíduos idosos e, inclusive, um estudo conduzido pelo Dr. Raphael Pratali avaliando 302 pacientes demonstrou que cerca de 18,5% do total de indivíduos tinha alguma forma de DEFORMIDADE DO ADULTO e considerando apenas indivíduos mais idosos, acima de 60 anos de idade, essa taxa subia para 28,8%.
Sendo assim, claramente se observa relação com a idade e se considerarmos que estamos diante de uma tendência ao envelhecimento da população, é esperado um aumento ainda maior na prevalência da DEFORMIDADE DO ADULTO.
Na verdade, a DEFORMIDADE DO ADULTO se dá pela manifestação de DIFERENTES GRUPOS DE DOENÇA:
1. PACIENTES COM ESCOLIOSE IDIOPÁTICA DO ADOLESCENTE NA IDADE ADULTA: são pacientes com EIA ou que não descobriram o problema na adolescência ou que não trataram nessa idade e “envelheceram” com a deformidade da coluna vertebral, de modo que ocorre um processo degenerativo associado (lembrando que a ocorrência de degeneração na coluna vertebral é comum mesmo em quem não tem escoliose) e esse processo degenerativo pode agravar a deformidade, além de promover compressão de elementos neurais, que podem levar a dor nas costas e/ou dor ciática (irradiada para as pernas).
2. ESCOLIOSE DEGENERATIVA: são pacientes que não tinham escoliose e, ao envelhecerem, o processo degenerativo na coluna vertebral causa essa deformidade. Nesses, casos, quase sempre a curva ocorre apenas no segmento lombar da coluna vertebral e é frequente a associação com sintomas de dor lombar e dor ciática.
3. PERDA DO ALINHAMENTO SAGITAL: consiste no tipo de DEFORMIDADE DO ADULTO menos conhecida, porém mais frequente e mais associada com dor e perda da capacidade funcional. Também associada a alterações degenerativas, há uma tendência à perda da lordose relativa do segmento lombar da coluna vertebral e, quando o indivíduo não consegue compensar, pode ocorrer uma inclinação do tronco para frente, o que leva a importante aumento do gasto energético para se ficar em pé e, pior ainda, para andar.
Muitos desses conceitos são atuais e ainda estão sendo confirmados, o que requer uma atualização frequente pelo especialista ao atender um paciente com problema na coluna vertebral. Ainda mais importante é o conhecimento desses conceitos quando há necessidade de uma cirurgia.